terça-feira, 19 de outubro de 2010

Defensor do Samba, Um Grande Negro! Arte, Cultura e Prazer! Salve o Mestre Candeia!

Antônio Candeia Filho, 17/8/35 - 16/11/78. Filho de sambista, o menino Candeia até poderia guardar mágoa do samba. Em seus aniversários, ele contava com certa tristeza, não havia bolo, velinha, essas coisas de criança. A festa era mesmo com feijoada, limão e muito partido-alto. No Natal, a situação se repetia.

Seu pai, tipógrafo e flautista, foi, segundo alguns, o criador das Comissões de Frente das escolas de samba. Passava os domingos cantando com os amigos debaixo das amendoeiras do bairro de Oswaldo Cruz. Assim, nascido em casa de bamba, o garoto já freqüentava as rodas onde conheceria Zé com Fome, Luperce Miranda, Claudionor Cruz e outros. Com o tempo, aprendeu violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a freqüentar terreiros de candomblé. Estava se forjando ali o líder que mais tarde seria um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira. Arte negra era com ele mesmo.

Compôs em 1953 seu primeiro enredo, Seis Datas Magnas, com Altair Prego: foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile (total 400 pontos).

No início dos anos 60, dirigiu o conjunto Mensageiros do Samba. Em 61, entrou para a polícia. Tinha fama de truculento e suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava a se abrir caminho para a tragédia que mudaria sua vida. Diz-se que, ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, ao sair atirando do carro num acidente de trânsito, levou um tiro no peito e ao cair levou outro na espinha que paralisou para sempre suas pernas.

Sua vida e sua obra se transformaram completamente. Em seus sambas, podemos assistir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos. Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazê-lo de volta. Aí foi quando veia a aparição de Candeia a velha guarda da Portela com o samba: De qualquer maneira, meu amor, eu canto, diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.

O couro voltou a comer nos pagodes do fundo de quintal de Candeia que comandava tudo de seu trono de rei, a cadeira que nunca mais abandonaria.

No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 75 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo.

No mesmo ano de 75, Candeia compunha seu impressionante Testamento de Partideiro, onde dizia: Quem rezar por mim que o faça sambando.

Em 78, ano de sua morte, gravou Axé um dos mais importantes discos da história do Samba. Ainda viu publicado seu livro escrito juntamente com Isnard: Escola de Samba, Árvore que Perdeu a Raiz.

Candeia pra mim foi um do maiores clássicos do Samba, e Samba eu o digo de verdade, com cadência forte, marcante que só ele tinha. Letras de imortalidade, fatos do cotidiano e vida real do povo, Candeia conseguia transmitir em suas letras o mudo de forma clássica, de forma completa, e no terreiro e partido alto era o ser mais completo que o Samba já pode ver!

Sua cadência e versos marcantes nem um sambista atual ou que já se foi conseguiu chegar tão perto de Candeia, conseguiu passar ao amantes do Samba e da cultura afro-brasileira o que ele passou...

Fidelidade, coragem, poder, visão e humildade era com este amante e mestre do Samba!

Com a palavra final, Candeia (do samba Anjo Moreno):

Sim, me disseram que o céu é harmonia e paz
...........................................
Mas se eu for pra lá, ao descansar
Vou cantar e sambar
Com um anjo moreno

Axé, mestre Candeia... saudade.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ninguém percebeu mas o Samba perdeu sua voz de lamento!

Paulo César Pinheiro

Quem é Paulo César Pinheiro (PCP)?

Paulo César Francisco Pinheiro nasceu no Rio de Janeiro RJ em 28 de Abril de 1949. Morava em Angra dos Reis RJ quando fez seus primeiros versos, e foi nessa cidade que conheceu João de Aquino, seu parceiro nas primeiras musicas. Com ele, compôs Viagem, em 1964. Um ano depois, Baden Powell, primo de João de Aquino, convidou-o para escrever letras para suas musicas.

Em 1968 compôs com Baden Powell o samba Lapinha, que venceu a I Bienal do Samba, da TV Record, de São Paulo SP, no mesmo ano, e foi gravado por Elis Regina em disco Phonogram. Ainda em 1968, fez, com Francis Hime, A grande ausente, defendida por Taiguara no III FMPB, da TV Record, e classificada em sexto lugar, e participou do III FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, com duas musicas – Sagarana (com João de Aquino), apresentada por Maria Odete, e Anunciação (com Francis Hime), interpretada pelo MPB-4.

Concorreu ao IV FIC, em 1969, com Sermão (com Baden Powell) e, no ano seguinte, fez uma temporada de 15 dias em Paris, França, ao lado de Baden Powell. Em 1970 destacou-se com vários sucessos: Elis Regina gravou três musicas suas e de Baden Powell – Samba do perdão, Quaquaraquaquá e Aviso aos navegantes; e Elizeth Cardoso gravou Refém da solidão (com Baden Powell). Ainda em 1970, compôs 12 musicas para a trilha sonora da novela O semideus, da TV Globo, fez a trilha sonora para o filme A vingança dos doze, de Marcos Farias, e foi o responsável por roteiros de shows de Baden Powell.

Em 1971, E lá se vão meus anéis (com Eduardo Gudin), defendida por Os Originais do Samba, venceu o IV Festival Universitário da Música Popular, da TV Tupi, do Rio de Janeiro. Participou, em 1972, do VII FIC, com Diálogo (com Baden Powell), música que ganhou festival na Espanha. Compôs musicas com Dori Caymmi para diversos filmes, entre eles Tati, a garota, de Bruno Barreto, em 1973. Compôs a musica da peça A teoria na pratica é outra, de Antônio Pedro, apresentada no Teatro Princesa Isabel, no Rio de Janeiro, em 1973. Em 1974, o MPB-4 gravou Agora é Portela 74 (com Maurício Tapajós). Fez ainda, nesse ano, a versão do musical Pippin, montado no Teatro Manchete, no Rio de Janeiro, e gravou seu primeiro LP, pela Odeon, apresentando-se como cantor.

Em 1975-1976 participou com Márcia e Eduardo Gudin do show O importante e que nossa emoção sobreviva, levado no Teatro Oficina, que resultou num LP gravado ao vivo. Casou com a cantora mineira Clara Nunes em 1975.

Compôs para a trilha sonora do filme A Batalha dos Guararapes, de Paulo Thiago (1978). Com Dori Caymmi, compôs Pedrinho e Jabuticaba, para a trilha do programa Sitio do Pica-pau Amarelo, da TV Globo. Fez a trilha sonora do programa Ra-tim-bum, da TV Cultura, compondo cinco músicas em parceria com Edu Lobo. Tem dois livros de poemas editados: Canto brasileiro (1976) e Viola morena (1982).

Alguns dos últimos CDs que foram lançados com letras do compositor são: Parceria, 1994, Velas, gravado ao vivo do show com João Nogueira, com 12 das parcerias dos dois; Aboio, 1995, Saci, CD do violonista e compositor Sérgio Santos, com 13 toadas, choros e sambas em parceria com este; Tudo o que mais nos uniu, 1996, Velas, CD gravado ao vivo do show com Eduardo Gudin e Márcia, no Sesc Pompéia de São Paulo, em comemoração aos 20 anos do outro show da trinca; O som sagrado de Wilson das Neves, 1997, CID, estréia como intérprete do baterista Wilson, com 14 musicas inéditas, das quais 13 são parcerias de ambos. Escreveu mais de 1.300 letras, tendo mais de 700 sido gravadas ate 1997.

Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha


Minha ótica particular sobre Paulo César Pinheiro é de que ninguém no Samba foi tão erudito em suas composições como ele, carregando simplicidade, humildade, as ruas, o que é samba de verdade, cadência amarrada á moda antiga, vida expressando vida e muita clareza do dia-a-dia, do ser humano seja na área profissional, relacionamento amoroso, amor à musica, aos filhos, amigos e por aí vai...

Tive o enorme prazer de ouvir e ver Paulo César Pinheiro, de cantar e ouvir suas melodias ricas e simples, de compor me baseando nos sambas lindos que ele escreveu e de querer viver cada dia mais um pouco do que Paulo César Pinheiro plantou!


Axé gente amiga do Samba!

Sorte eu tenho por ter o Samba em Mim! Axé!

Gleydson Francisco Teixeira.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Falando sobre Samba!

Bom dia à todos!

Este blog é destinado á jovens que queiram conhecer mais sobre esta riqueza que temos em mãos e que por vários anos foi repassada com tanto esmero, ardor e perseverança, por pais, músicos, professores, amigos, boêmios e outros mais, que é o Samba. Música que contagia a alma, faz o corpo querer mais, que ilumina nossa vida. Quando estamos tristes, ouvimos Cartola pra nos ajudar a compreender a dor seja ela da vida, de amores, de filhos e etc... Paulinho da Viola, que é um ser que sabe e muito expressar a dor no amor, coisas da vida, cotidiano das ruas assim como o sábio poeta João Nogueira o fazia, e melodias líricas da Dama do Samba, Dona Ivone Lara nossa proposta é compartilhar com Você sobre letras, poesias, vida pessoal e coisas interessantes sobre grandes mestres do Samba!

Queremos que você se sinta incendiado e com o coração pulsante sobre o Samba, sobre os quintais de Samba, sobre as rodas de Samba, sobre o Samba!

Fico por aqui e em breve falaremos sobre Paulo César Pinheiro, um grande mestre do Samba.

Abraço,

Gleydson Francisco Teixeira.